Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2019

Apartamento 402.

Moro nesse prédio há três anos. Nos dois primeiros tive a sensação de viver sozinha. Os corredores eram vazios. Os elevadores sempre parados no andar em que eu deixava. A garagem cheia de carros acumulando desgaste. A única alma viva era o porteiro que aparecia dia sim, dia não para limpar a escadaria. Foram dois longos anos.  Era incômodo ser a única moradora em sete andares. Certo ponto comecei a cumprimentar o prédio com bom dia  e boa noite  quando voltava para casa. Virou hábito. Eu me sentia sociável e por isso tornou-se irrelevante a falta de alguém. Acostumei.  Em um dia qualquer, conheci um vizinho. Foi tão improvável quanto natural. Observando minha chegada da janela do primeiro andar, Senhor Antônio respondeu meu cumprimento ao prédio como se fosse a ele. Ele mora aqui há vinte e cinco anos e vive recluso desde que sua esposa faleceu.  Senhor Antônio me cumprimentou por quase uma semana até me chamar para tomar café em sua casa. O apartamento...