Nossa história não começou exatamente em um barzinho ou uma tarde ensolarada. O relógio contava pouco antes das oito de uma manhã chuvosa e particularmente sem graça. Era o meu primeiro dia na reabilitação e eu só desejava ir embora. O tratamento tinha previsão de trinta dias - disseram ser o período adequado para assegurar que eu não voltaria a beber e fumar. Foi ali, por livre e espontânea pressão familiar, que conheci Regina. Ela fez questão de se apresentar. Foi delicada. Sentou ao meu lado para me fazer companhia. Permaneci cabisbaixo por um tempo olhando para o prato de comida fria. Minha concentração estava toda em sua voz. Não demorou muito para que eu percebesse que se existissem dez maneiras de fazer algo, ela inventaria a décima primeira. E eu ainda nem tinha visto a figura. Regina sabia falar e ouvir. Preencheu meu silêncio inicial com dicas de como sobreviver naquele lugar e soltou risos distraídos a quem quisesse ...