Acordei com o despertador estridente. 7:15h. Era o último sábado do mês, então deveria arrumar a casa para as visitas. Sempre achei meio irônico que arrumássemos as coisas para os outros e nos dias cotidianos vivêssemos em paz na imundície. Arrumei as camas, lavei os pratos, varri a varanda e os corredores. A poeira se acumula em uma velocidade mais alta do que a frequência das visitas. Alguns móveis já são tão encardidos que nem mesmo eu consigo recuperá-los. As visitas não gostam de ser pontuais. Há vezes que aparecem antes do meio dia, há vezes que só depois do anoitecer. Tardam, mas nunca faltam. Cumpro todas as minhas tarefas muda. Costumo cantar porque dizem que cantar espanta os maus espíritos, mas não hoje. Hoje é dia de visitas. A primeira chegou no início da tarde. Recebeu-me com algumas dores. Ela é sempre generosa na quantidade de presentes que traz. Costumo chamá-la de Presságio . Presságio preenche a casa como ninguém. Ela não suja nada, mas tira...