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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

Marina.

Eram 22h de uma sexta-feira qualquer e meus olhos preguiçosos buscavam da janela do ônibus a esquina de casa. Eu mal reagia aos solavancos do caminho. Estava desenhada em mim a apatia de quem beirava à exaustão.  Quatro paradas depois, desci. Usei todo o resto de energia que eu nem sabia que restava em meu corpo para correr pela rua deserta. Entrei em meu apartamento como quem abria um baú de tesouro. Não pensei duas vezes antes de cair no sofá e respirar profundamente. Não queria pensar. Fiquei deitada por talvez quinze minutos. Meu celular vibrava sem parar do outro lado da sala. Mensagens de voz de um número desconhecido. “Estou com seus textos. Você esqueceu uma pasta no banco do ônibus. Achei seu número em um dos papéis, perdão por entrar em contato tão tarde”. Para ser sincera, era irrelevante. Todos os textos eram cópias de contos que já tinham sido recusados por pelo menos metade das editoras da cidade. A pasta era nada mais que uma lembrança física de minha me...