74 foi um dos anos mais curiosos da minha vida, se é que posso dizer assim. O caso dessa moça aconteceu quando fui contratado para remendar a barragem do rio de cima. O trabalho deveria durar três meses. O dinheiro não era muito, mas incluía um casebre razoavelmente perto da obra e uma moto usada. Bom negócio. A casa era apenas habitável. Moradia de passagem mesmo, zero conforto. Uns móveis poucos e paredes de concreto. O telhado precisava de conserto, molhava quando chovia. Na frente tinha um canto que eu chamava de varanda. Ventava bastante. De dia eu trabalhava e no anoitecer comia qualquer coisa numa venda e ia para casa. Ligava o rádio e ficava na varanda observando meus únicos vizinhos: um casal de uns 20 e poucos que tinha recém construído um lar ali no meio do nada. Nunca soube exatamente porque eles decidiram morar no campo. Na idade deles eu gostava mais de agitação. Era bem bonitinha a casa. Feita com cuidado. Viviam só os dois: Elena e Pedro. Ele era alto e tinha traço de q...