Ode aos ponteiros. Foge de minha compreensão o quanto a vida de alguém pode mudar. Não há perspectiva, planejamento, escolhas e restrições que sejam imunes à delicadeza da imprevisibilidade. Tinha o hábito de fazer listas. Uma dizia sobre cortes de cabelo que gostaria de ter em algum momento, outra sobre ações que pretendia fazer antes de morrer. Pular de paraquedas, nadar com golfinhos, fotografar animais silvestres, visitar o México, esquiar na neve. Morri diversas vezes e ainda não completei um item sequer. Poderia discorrer porém sobre uma imensidão de cenas que jurei nunca viver e vivi. Com direito a andar numa viatura policial e me tornar um projeto de quem minhas versões mais jovens lutavam para não ser. São duas horas da manhã, o que uma eu de ontem chamaria de meu horário. Tentativa não tão falha de ressignificar o que outrora descrevi como madrugadas são muito solitárias. Aparentemente um dos poucos fatos imutáveis sobre o sujeito eu é justamente estar ativa enquanto os...