Amava música como ninguém. Recitava Baudelaire como se Flores do Mal tivesse sido escrito por ela própria. Luce exalava poesia. Eu amava poesia. Nos conhecemos por acaso - há quem chame de destino, mas nunca gostei de acreditar que as coisas fossem determinadas por uma força maior. Eram 4:30h da manhã e eu estava sozinho em um mirante na praia do Rio Vermelho esperando o amanhecer. Costumava ir a esse mirante para pensar quando a correria da vida afogava minha mente. Depois do terceiro cigarro, minha vista foi tomada por uma figura distante. Havia uma moça com um suéter avermelhado andando descalça na areia. Ela olhava o mar com intensidade, como se quisesse absorvê-lo. O vento fazia seu cabelo castanho dançar elegantemente. Tudo sobre ela era gracioso. Encarei-a por instantes, mas ela parecia estar conectada demais à ventania e às ondas para notar minha existência. Na madrugada seguinte, retornei ao mirante na esperança de revê-la. A peculiaridade da moça do suéter vermelho...