Numa
madrugada invernosa de julho, nasceu Timothy. Fraco, magro, frio. Fruto de um
estupro, foi jogado em um orfanato. A mãe não quis vê-lo. As enfermeiras
escolheram seu nome.
Pobre
Timothy, não foi amado.
Aos três
anos, descobriu o mundo mágico da música. Cantarolava adágios por horas, batia
palmas para manter o ritmo. As notas desafinadas ajudavam a passar o tempo.
Não tinha
coleguinhas. Refletia em todas as possíveis relações a falta de amor em sua
alma.
Pobre
Timothy, nunca amaria.
Aos dez
anos não sabia ler ou escrever. Nunca fôra à escola. Não falava, não interagia.
Mas cantava. Sozinho.
Aos doze
foi adotado por pais que perderam a filha em um acidente. Queriam-o para
substituto. Fugiu. Não sabia ter família.
Pobre
Timothy, não sabia amar.
Aos
quinze anos não tinha nada. Vagava pelas ruas como um garoto perdido - e era.
As madrugadas gélidas e vazias eram de pensamento. Sua mente pulsava pura
desordem. Sofria com a consciência de seu existir.
Pobre
Timothy, não se amava.
Numa
madrugada invernosa de julho, morreu Timothy. Fraco, magro, frio. Fruto de um
estupro, foi enterrado como indigente. Ninguém foi vê-lo. O coveiro escreveu
seu epitáfio.
Pobre
Timothy, nunca amara.
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