todos o reconhecem
mas sua origem é um mistério
o vazio é nauseante de tão doce
parece pertencer a alguém que há muito se dilacera
ou é vestígio de algo que se desfez com o tempo
sendo a curiosidade meu motor,
segui-o
e por muitos passos o ambiente se forjou estável
foi construído de forma a aparentar ser oco
foi construído de forma a instigar a desistência
havia algum tesouro lá com urgência de ser encontrado
mas com medo
então andei
andei o que pareceu ser três mundos inteiros
foi quando praticamente vencido pelo cansaço
se revelou a mim uma silhueta feminina desgrenhada
trêmula e com grandes olhos
tão doce que quis vomitar
questionei-a
me diga, anã negra, é você a dona de toda essa solidão?
encarou-me
os olhos brilhavam mais do que qualquer pedra preciosa
eram a única imagem viva do lugar
e em um último e longo suspiro
eles se fecharam
era tudo o que lhe restava
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