Nossa história não começou exatamente em um barzinho ou uma tarde ensolarada. O relógio contava pouco antes das oito de uma manhã chuvosa e particularmente sem graça. Era o meu primeiro dia na reabilitação e eu só desejava ir embora. O tratamento tinha previsão de trinta dias - disseram ser o período adequado para assegurar que eu não voltaria a beber e fumar. Foi ali, por livre e espontânea pressão familiar, que conheci Regina.
Ela fez questão de se apresentar. Foi delicada. Sentou ao meu lado para me fazer companhia. Permaneci cabisbaixo por um tempo olhando para o prato de comida fria. Minha concentração estava toda em sua voz. Não demorou muito para que eu percebesse que se existissem dez maneiras de fazer algo, ela inventaria a décima primeira. E eu ainda nem tinha visto a figura.
Regina sabia falar e ouvir. Preencheu meu silêncio inicial com dicas de como sobreviver naquele lugar e soltou risos distraídos a quem quisesse vê-los. Tinha os dentes de baixo tortos. Só era visível quando vista de cima, mas ela tinha quase os meus 1,78m. Tinha cara de ser pelo menos dez anos mais nova. Não era exatamente o que eu sonhava.
Continuou conversando comigo durante toda a manhã e tarde. Não senti o tempo passar. Ela sabia um pouco de cada coisa - não dava um mísero ponto sem nó. Era muito verdadeira. Não tinha medo de falar sobre suas cicatrizes ou de como parou ali. Faltavam apenas cinco dias de tratamento para que ela completasse seu mês e fosse liberada.
Os cinco dias voaram. Ela me fez dançar, tomar banho na chuva e me manteve em paz em um momento de crise. Eu nunca me apaixonei tão rápido. Ninguém nunca mexeu comigo de forma tão singular em um período tão curto de tempo. E parecia recíproco. Ela demonstrava um encanto por mim igual ou maior ao que eu tinha por ela. Me devorava com os olhos. Era quase sufocante.
No dia em que Regina foi embora eu quis ir junto. Eu entendia a necessidade do tratamento mas eu precisava dela. Minha vida foi dividida entre antes de conhecê-la e depois. A moça me abraçou forte e disse que me esperaria do lado de fora. Senti o cheiro dos cabelos sempre despenteados e quis memorizá-lo. Seriam vinte e cinco dias de tortura até poder reencontrá-la.
Durante esse período ela me mandou recados por várias pessoas. Desde enfermeiros até a senhora que trabalhava na cozinha. Dizia ter saudades, mandava beijos. Eu escrevia cartas em uma linguagem que só eu e ela entenderíamos e eles enviavam fotos para ela. Em todas as vezes respondeu com “vou pensar sobre isso” - e era só. À distância Regina economizava palavras.
Quando finalmente chegou o dia da minha saída, eu tive acesso ao meu telefone. Esperava encontrar várias mensagens dela me contando as histórias mais mirabolantes sobre a vida no mundo exterior, mas não recebi nada. Um tanto frustrante, mas ela realmente não parecia o tipo que ia encher um telefone sem internet de mensagens. Erro meu.
Resolvi chamá-la para sair e comemorar o fim do tratamento. Marcamos em um pub no litoral com a promessa de não bebermos nada. Regina quebrou a promessa nos primeiros dez minutos. Ela disse que só tinha concordado com aquilo para que eu não desistisse dela. Eu não desistiria.
Dançamos a noite inteira. Ela sorria e me beijava e tinha sabor de tequila. Foi um momento eterno. O jeito que as luzes mexiam com a cor dos olhos dela, a música temática dos anos 80 e aquele vestidinho branco ficarão para sempre na minha memória. Exatamente do jeito em que ela colocou.
Lá pelas duas da manhã Regina foi ao banheiro e deixou o celular em cima da mesa. A tela acendeu com uma notificação de um homem confirmando uma saída no dia seguinte no mesmo bar. Não pude não olhar. Aquilo era impossível - ela estava claramente envolvida comigo. Quando voltou para a mesa, respondeu a mensagem com o mesmo exato brilho nos olhos que me encarava. Envolvida com um alguém que não era eu.
A atitude que eu tomei a seguir foi de caráter duvidoso, mas eu queria saber exatamente onde estava me enfiando - e até que ponto aquilo valeria a pena. Por isso, segui-a. Fiquei em um canto escuro do pub observando Regina dançar e sorrir e beijar um tal de Jonas que mal conseguia alcançá-la. Ele não era metade do homem que eu era, e ainda assim ela estava lá completamente entorpecida pelo rapaz.
Nós não tínhamos conversado sobre relacionamentos, não deu tempo de pensar nisso. Não é como se ela me devesse explicações, mas eu queria. Como diabos ela podia sentir tanto por mim e ainda sobrar para outra pessoa? Como ela podia parecer tão amante de dois homens ao mesmo tempo? Há quanto tempo ela conhecia esse Jonas? Minha mente fervilhava em ódio.
Quando eu pensei que não podia piorar, eu finalmente entendi a situação. Jonas foi embora por volta das 00:30h e às 1h apareceu uma tal de Louise, com um vestidinho parecido com o da própria Regina. E foram mais danças e sorrisos e beijos. O encantamento emanava e me esmagava. Ela tinha amor por todos e todos teriam a sua vez de ser amados por ela. Porque era caótica demais e foi feita para partir corações.
Ela fez questão de se apresentar. Foi delicada. Sentou ao meu lado para me fazer companhia. Permaneci cabisbaixo por um tempo olhando para o prato de comida fria. Minha concentração estava toda em sua voz. Não demorou muito para que eu percebesse que se existissem dez maneiras de fazer algo, ela inventaria a décima primeira. E eu ainda nem tinha visto a figura.
Regina sabia falar e ouvir. Preencheu meu silêncio inicial com dicas de como sobreviver naquele lugar e soltou risos distraídos a quem quisesse vê-los. Tinha os dentes de baixo tortos. Só era visível quando vista de cima, mas ela tinha quase os meus 1,78m. Tinha cara de ser pelo menos dez anos mais nova. Não era exatamente o que eu sonhava.
Continuou conversando comigo durante toda a manhã e tarde. Não senti o tempo passar. Ela sabia um pouco de cada coisa - não dava um mísero ponto sem nó. Era muito verdadeira. Não tinha medo de falar sobre suas cicatrizes ou de como parou ali. Faltavam apenas cinco dias de tratamento para que ela completasse seu mês e fosse liberada.
Os cinco dias voaram. Ela me fez dançar, tomar banho na chuva e me manteve em paz em um momento de crise. Eu nunca me apaixonei tão rápido. Ninguém nunca mexeu comigo de forma tão singular em um período tão curto de tempo. E parecia recíproco. Ela demonstrava um encanto por mim igual ou maior ao que eu tinha por ela. Me devorava com os olhos. Era quase sufocante.
No dia em que Regina foi embora eu quis ir junto. Eu entendia a necessidade do tratamento mas eu precisava dela. Minha vida foi dividida entre antes de conhecê-la e depois. A moça me abraçou forte e disse que me esperaria do lado de fora. Senti o cheiro dos cabelos sempre despenteados e quis memorizá-lo. Seriam vinte e cinco dias de tortura até poder reencontrá-la.
Durante esse período ela me mandou recados por várias pessoas. Desde enfermeiros até a senhora que trabalhava na cozinha. Dizia ter saudades, mandava beijos. Eu escrevia cartas em uma linguagem que só eu e ela entenderíamos e eles enviavam fotos para ela. Em todas as vezes respondeu com “vou pensar sobre isso” - e era só. À distância Regina economizava palavras.
Quando finalmente chegou o dia da minha saída, eu tive acesso ao meu telefone. Esperava encontrar várias mensagens dela me contando as histórias mais mirabolantes sobre a vida no mundo exterior, mas não recebi nada. Um tanto frustrante, mas ela realmente não parecia o tipo que ia encher um telefone sem internet de mensagens. Erro meu.
Resolvi chamá-la para sair e comemorar o fim do tratamento. Marcamos em um pub no litoral com a promessa de não bebermos nada. Regina quebrou a promessa nos primeiros dez minutos. Ela disse que só tinha concordado com aquilo para que eu não desistisse dela. Eu não desistiria.
Dançamos a noite inteira. Ela sorria e me beijava e tinha sabor de tequila. Foi um momento eterno. O jeito que as luzes mexiam com a cor dos olhos dela, a música temática dos anos 80 e aquele vestidinho branco ficarão para sempre na minha memória. Exatamente do jeito em que ela colocou.
Lá pelas duas da manhã Regina foi ao banheiro e deixou o celular em cima da mesa. A tela acendeu com uma notificação de um homem confirmando uma saída no dia seguinte no mesmo bar. Não pude não olhar. Aquilo era impossível - ela estava claramente envolvida comigo. Quando voltou para a mesa, respondeu a mensagem com o mesmo exato brilho nos olhos que me encarava. Envolvida com um alguém que não era eu.
A atitude que eu tomei a seguir foi de caráter duvidoso, mas eu queria saber exatamente onde estava me enfiando - e até que ponto aquilo valeria a pena. Por isso, segui-a. Fiquei em um canto escuro do pub observando Regina dançar e sorrir e beijar um tal de Jonas que mal conseguia alcançá-la. Ele não era metade do homem que eu era, e ainda assim ela estava lá completamente entorpecida pelo rapaz.
Nós não tínhamos conversado sobre relacionamentos, não deu tempo de pensar nisso. Não é como se ela me devesse explicações, mas eu queria. Como diabos ela podia sentir tanto por mim e ainda sobrar para outra pessoa? Como ela podia parecer tão amante de dois homens ao mesmo tempo? Há quanto tempo ela conhecia esse Jonas? Minha mente fervilhava em ódio.
Quando eu pensei que não podia piorar, eu finalmente entendi a situação. Jonas foi embora por volta das 00:30h e às 1h apareceu uma tal de Louise, com um vestidinho parecido com o da própria Regina. E foram mais danças e sorrisos e beijos. O encantamento emanava e me esmagava. Ela tinha amor por todos e todos teriam a sua vez de ser amados por ela. Porque era caótica demais e foi feita para partir corações.

Cada vez me surpreendendo mais ��
ResponderExcluirAbsurdo de bom, meu deus
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