A violinista.
França, 1823.
Natalie estava impaciente. O relógio parecia parado. Esperava há horas notícias de Marlon, que fora pedir a Pierre, pai de Natalie, a benção para casar-se com sua filha. Depois de anos aguardando a chegada daquele dia, qualquer segundo passado era menos um segundo ao lado de Marlon.
Chovia.
Natalie contava cada gota de água que escorria vagarosamente pela vidraça. Não conseguia pensar em nada que não fosse Marlon e no quanto queria que Pierre abençoasse a união dos dois. A contagem entediante foi interrompida por uma melodia familiar. Um som melancólico de violino preencheu de súbito a mente e a alma de Natalie.
-Tristesse, Friederich Chopin. -reconheceu.
A música atraía Natalie como nada nunca havia feito antes. Todas as células de seu corpo ressonavam com as notas murchas que o violino gritava. Em êxtase, Natalie saiu de casa à procura do violinista. Esquecera a angústia de esperar Marlon. Tudo que queria naquele momento era descobrir a origem do som que tanto a perturbava.
As gotas de chuva se mostraram mais pesadas e frias do que pareciam ao escorrer pelo vidro. Cada impacto gélido derrubava um cacho do penteado de Natalie. Não havia um centímetro quadrado de seu corpo que não tremesse com o frio. Apesar da situação desconfortável, Natalie permaneceu constante. Seguiu o violino com atenção até se deparar com uma figura misteriosa.
Não era possível definir o sexo da criatura. Suas vestes escuras cobriam todos os cantos de seu corpo, inclusive o rosto. Nem as mãos, que tocavam um violino de vidro tão cuidadosamente, podiam ser vistas. Apesar da peculiaridade daquele ser, ninguém além de Natalie parecia notá-lo.
A música tornou-se mais intensa.
Natalie não conseguia se mover. As notas a prenderam de tal forma que ficou ali, no meio da rua, completamente encharcada e perplexa, encarando o violino de vidro e as vestes negras do violinista. A figura era indiferente à presença de Natalie.
Tocava uma melodia atrás da outra, sem pausas e interrupções. Nomes como Beethoven, Bach e Tchaikovsky faziam parte do acervo do talentoso músico. Porém, a maneira como tocava era única. Tinha a habilidade de transferir para cada nota uma carga intensa de melancolia que tornava suas performances sedutoras. Natalie nunca tinha ouvido nada parecido.
Muitas gotas de chuva e algumas músicas depois, o encanto foi quebrado. O som do violino foi abafado por gritos desesperados. Marlon chamava o nome de Natalie como se dependesse disso para sobreviver. Como que recém saída de um transe, Natalie tombou de susto. Marlon parecia preocupado. Abraçou-a em silêncio, cobriu-a com seu casaco e começaram a correr mudos de volta à casa de Natalie. A garota hesitou em ir embora. Olhou para trás mais uma vez para encarar a figura misteriosa que a impressionava. Decepcionou-se.
O violinista havia desaparecido.
Chovia.
Natalie contava cada gota de água que escorria vagarosamente pela vidraça. Não conseguia pensar em nada que não fosse Marlon e no quanto queria que Pierre abençoasse a união dos dois. A contagem entediante foi interrompida por uma melodia familiar. Um som melancólico de violino preencheu de súbito a mente e a alma de Natalie.
-Tristesse, Friederich Chopin. -reconheceu.
A música atraía Natalie como nada nunca havia feito antes. Todas as células de seu corpo ressonavam com as notas murchas que o violino gritava. Em êxtase, Natalie saiu de casa à procura do violinista. Esquecera a angústia de esperar Marlon. Tudo que queria naquele momento era descobrir a origem do som que tanto a perturbava.
As gotas de chuva se mostraram mais pesadas e frias do que pareciam ao escorrer pelo vidro. Cada impacto gélido derrubava um cacho do penteado de Natalie. Não havia um centímetro quadrado de seu corpo que não tremesse com o frio. Apesar da situação desconfortável, Natalie permaneceu constante. Seguiu o violino com atenção até se deparar com uma figura misteriosa.
Não era possível definir o sexo da criatura. Suas vestes escuras cobriam todos os cantos de seu corpo, inclusive o rosto. Nem as mãos, que tocavam um violino de vidro tão cuidadosamente, podiam ser vistas. Apesar da peculiaridade daquele ser, ninguém além de Natalie parecia notá-lo.
A música tornou-se mais intensa.
Natalie não conseguia se mover. As notas a prenderam de tal forma que ficou ali, no meio da rua, completamente encharcada e perplexa, encarando o violino de vidro e as vestes negras do violinista. A figura era indiferente à presença de Natalie.
Tocava uma melodia atrás da outra, sem pausas e interrupções. Nomes como Beethoven, Bach e Tchaikovsky faziam parte do acervo do talentoso músico. Porém, a maneira como tocava era única. Tinha a habilidade de transferir para cada nota uma carga intensa de melancolia que tornava suas performances sedutoras. Natalie nunca tinha ouvido nada parecido.
Muitas gotas de chuva e algumas músicas depois, o encanto foi quebrado. O som do violino foi abafado por gritos desesperados. Marlon chamava o nome de Natalie como se dependesse disso para sobreviver. Como que recém saída de um transe, Natalie tombou de susto. Marlon parecia preocupado. Abraçou-a em silêncio, cobriu-a com seu casaco e começaram a correr mudos de volta à casa de Natalie. A garota hesitou em ir embora. Olhou para trás mais uma vez para encarar a figura misteriosa que a impressionava. Decepcionou-se.
O violinista havia desaparecido.

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